Especiação simpátrica
Simpatria é um
dos quatro modelos teóricos para o fenómeno de especiação. Ao contrário
da alopatria, populações que sofrem especiação simpátrica não estão
geograficamente isoladas (por exemplo, por uma montanha ou um rio).
Debatido desde
o princípio da popularização do pensamento evolutivo, a especiação simpátrica é
ainda um ponto altamente contencioso. A partir de 1980, esta teoria estava
grandemente desfavorecida devido à ausência de evidências empíricas
disponíveis, e, mais crítico ainda, às condições que os cientistas julgavam ser
necessárias para este tipo de especiação acontecer. Ernst Mayr, um dos
mais proeminentes biólogos evolutivos, rejeitou completamente a simpatria como
um todo, introduzindo um clima de hostilidade contra a teoria. Desde a década
de 1980, uma visão mais progressiva tem sido adotada. Embora ainda debatível,
evidências empíricas documentadas existem agora, seguido do desenvolvimento de
teorias sofisticadas incorporando dados genéticos de múltiplos loci.
Vários modelos
têm sido propostos para dar conta deste modo de especiação. O mais popular, que
invoca o modelo de seleção disruptiva, foi proposta inicialmente
por John Maynard Smith em 1962. Maynard Smith sugeriu que
indivíduos homozigóticos podem, sob condições ambientais particulares,
ter uma maior aptidão do que aqueles
com alelos heterozigóticos para determinada característica. Sob
o mecanismo de seleção natural, por consequência, a homozigotia seria
favorecida em relação à heterozigotia, levando eventualmente à especiação. Divergência
simpátrica também pode resultar de conflito sexual.
Perturbações
deste tipo também podem ocorrer em características multi-génicas.
Os tentilhões da espécie Geospiza fortis estão a
mostrar divergência no seu pool genético na Ilha de Santa Cruz.
A morfologia do bico conforma-se com a existência de dois tamanhos ideais
diferentes, enquanto que indivíduos com tamanhos de bico intermédio são
selecionados desfavorávelmente. Algumas características (por vezes chamadas características mágicas), tais como a forma do
bico podem levar à especiação porque afectam os sinais de acasalamento. Neste
caso, diferentes fenótipos do bico podem resultar em chamamentos diferentes, formando uma
barreira às trocas entre pools genéticos.
Rhagoletis pomonella, a larva da maçã, pode
estar actualmente a sofrer especiação simpátrica, ou, mais precisamente, heteropátrica. A variedade que
se alimenta de maçãs parece ter aparecido espontaneamente, a partir
de uma outra variedade que se alimentava de Crataegus, entre
1800-1850 , depois das maçãs terem sido introduzidas pela primeira vez
na América do Norte. Hoje em dia, a variedade que se alimenta de maçãs não
se alimenta normalmente de Crataegus e a que se alimenta
de Crataegus não se alimenta normalmente de maçãs. Isto pode
se um passo preliminar para a emergência de uma espécie nova.
Alocronia oferece alguma evidência
empírica que a especiação simpátrica teve lugar, pois há muitos exemplos de
espécies alocrónicas que divergiram recentemente (Espécies irmãs).
Eventos de
especiação simpátrica são muito comuns em plantas, porque é normal elas
desenvolverem conjuntos múltiplos de cromossomas homólogos,
resultando em poliploidia. Descendentes poliplóides ocupam o mesmo
ambiente que as plantas parentais (daí a simpatria), mas estão reprodutivamente
isoladas.
Um exemplo
raro de espécies simpátricas em animais é a divergência
de Orcas residentes e migradoras no nordeste do Oceano Pacífico. As orcas
residentes e migradoras habitam as mesmas águas, mas evitam-se umas às outras e
não se cruzam. As duas formas caçam presas diferentes e têm dietas,
comportamento vocal e estruturas sociais diferentes.
Especiação alopátrica
(A palavra deriva do grego allos,
"outro" + patrã,
pátria)
Também conhecida como especiação geográfica,
é o fenômeno que acontece quando grandes populações biológicas ficam
fisicamente isoladas por uma barreira externa e evolve isolamento reprodutivo
interno (genético), de tal modo que depois da barreira desaparecer, indivíduos
das populações já não se poderem cruzar. Quando existe o livre fluxo gênico entre
as populações de uma espécie a coesão genética da espécie é mantida. Com o
aparecimento de barreiras geográficas como o surgimento de um rio, aumento da
densidade arbórea de uma floresta ou formação de uma cadeia de montanhas, o
fluxo gênico entre duas subpopulações é interrompido e as mudanças adquiridas
por mutações, recombinações e seleção podem se
acumular diferentemente entre as subpopulações levando ao isolamento
reprodutivo e a especiação.
O isolamento reprodutivo evolui, portanto como subproduto da divergência entre
populações geograficamente afastadas .
Biólogos evolutivos concordam que a alopatria é
a forma mais comum de especiação . Em contraste, a freqüência dos outros tipos
de especiação, tal com especiação simpátrica, especiação
parapátrica e especiação peripátrica,
é ainda debatida.A especiação alopátrica é fortemente suportada pela “lei da
distribuição”, na qual: para uma dada espécie de uma região, a espécie mais
próxima relacionada a ela tem baixa probabilidade de ser encontrada na mesma
região ou em regiões muito distantes, mas existe uma alta probabilidade de ser
encontrada em alguma região próxima separada da primeira por algum tipo de
barreira.
Especiação
peripátrica
É um modo de especiação, a formação de novas espécies através de evolução. Neste modo,
as espécies novas são formadas em populações periféricas isoladas; este modo é
semelhante à especiação alopátrica na medida em que as populações estão isoladas
e por isso não há transferência de genes. No entanto, a especiação peripátrica,
ao invés da especiação alopátrica, propõe que uma das populações seja muito
menor do que a outra.
Especiação parapátrica
É uma forma de especiação que ocorre em uma área
geográfica contínua na qual as espécies divergentes apresentam distribuições
adjacentes. Não há nenhuma barreira externa ao fluxo gênico, no entanto os
acasalamentos não são completamente aleatórios. Este modelo difere da especiação alopátrica no que se refere a distribuição
geográfica da espécie parental já que a alopatria requer subpopulações
geograficamente isoladas. Nichos neste habitat podem estar
diferenciados ao longo de um gradiente
ambiental, impedindo fluxo gênico, e criando assim um cline.
Um exemplo deste tipo de especiação é a erva Anthoxanthum, que se sabe que
sofreu especiação parapátrica em áreas onde ocorreu contaminação por metais a partir de minas. Isto cria uma pressão seletiva para a tolerância a metais. Há seleção contra os híbridos dessas populações,
o que pode ter favorecido a autopolinização.
Além disso, elas apresentam tempos de floração distintos o que funciona como uma
barreira reprodutiva. Sugere-se que essa diferença entre tempos de floração
tenha sido favorecida pela seleção natural devido
a menor aptidão dos híbridos.
Esse tipo de mecanismo é denominado reforço do isolamento
reprodutivo.
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